Dados da Susep registram que entre janeiro/2024 e outubro/2024 o Ramo 13 (R. C. Riscos Ambientais) já acumula R$ 152.690.150,37 em prêmios auferidos (Fonte: Painel de Mercado Susep - consulta 23/12/2024). No mesmo período do ano passado a carteira totalizava R$ 132.790.955,14.
Em nossa percepção, o seguro ambiental tem, de fato, um enorme potencial de crescimento, especialmente quando analisado em paralelo com o seguro de Responsabilidade Civil Geral (RCG). A produção de R$ 1,7 bilhão em prêmios no RCG entre janeiro/2024 e outubro de 2024 (Fonte: Painel de Mercado Susep - consulta 23/12/2024) demonstra o tamanho do mercado de RCG e o nível de conscientização das empresas sobre a necessidade de proteger seus negócios contra riscos de causarem danos a terceiros.
Se uma parcela significativa dessas empresas que contratam o RCG também possui riscos ambientais, há uma oportunidade clara para ampliar a adesão ao seguro ambiental, utilizando abordagens integradas.
Muitas empresas que contratam o RCG estão em setores com exposição ambiental potencialmente relevante, como indústrias químicas, transporte, construção civil, agronegócio e energia.
A ausência de cobertura específica para condições de poluição no local segurado, em especial causadas por poluição gradual e de cobertura específica para danos a recursos naturais, dentre outras possíveis, pode gerar lacunas significativas de cobertura, deixando as empresas expostas a riscos ambientais que não estão contemplados no RCG tradicional e em sua tradicional Cobertura de Poluição Súbita.
Assim como o RCG, o seguro ambiental também é voltado para proteger os segurados contra demandas de terceiros (Third-party), mas aquelas causadas por eventos de poluição. No entanto, o seguro ambiental é mais amplo, contando com coberturas dedicadas como custos e despesas de limpeza dentro do próprio site do segurado (First-party), além de amparar a poluição gradual, indo além da poluição súbita e acidental prevista no RCG, dentre outras diversas coberturas.
Adotar uma estratégia integrada e oferecer o seguro ambiental como complemento ou extensão de apólices de RCG pode aumentar a adesão à sua contratação.
Embora o seguro ambiental ainda esteja em fase de expansão, a crescente pressão regulatória, o aumento das demandas por sustentabilidade e a visibilidade de eventos catastróficos relacionados a danos ambientais criam um ambiente propício para o crescimento.
Com campanhas educacionais e uma abordagem estratégica para mostrar aos clientes os riscos não cobertos pelo RCG, além destas outras pressões externas, é viável que o seguro ambiental alcance números mais próximos do RCG no longo prazo.
Naturalmente para que isso aconteça será preciso adotar, por exemplo, pelo mercado, iniciativas de conscientização para demonstrar o impacto financeiro e reputacional de riscos ambientais não cobertos em apólices tradicionais. Aproveitar as demandas por ESG (ambiental, social e governança) para posicionar o seguro ambiental como essencial também indica ser uma ação com potencial de sucesso.
Ainda que atingir a produção do RCG no curto prazo seja um desafio talvez não atingível de fato, o seguro ambiental pode crescer exponencialmente. Com a abordagem certa, é plausível imaginar que o setor ultrapasse a marca de R$ 1 bilhão em prêmios anuais nos próximos anos. Isso dependerá de ações combinadas de seguradoras, corretores e iniciativas de mercado para destacar a relevância do produto.
Data de elaboração: 08/12/2024; atualizado em 23/12/2024.
Autor: Dr. Marco Parreira - Especialista em Seguros Ambientais, Eng. Ambiental, Advogado, Mestre em Sustentabilidade, Pós-graduado em Avaliação de Impactos Ambientais, Pós-graduado em Gestão e Tecnologias Ambientais, Pós-graduando em Direito Ambiental e Agrário; Responsável pela página @seguroambiental no Instagram.